Gaia (Adoa Coelho)

Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Espelho sujo

É assim que me sinto...
Durante toda a minha vida me vi como um espelho que reflectia toda a gente que me observava, agora vejo-me alterada por essas mesmas pessoas, como se me tivesse sujado com as coisas más que nelas vi...

Não me reconheço ou fui sempre assim?

"Mirrors"


"Once upon a time there was a planet. In this planet there was a country. In this country there was a village. In this village there was a store.

The owner liked his job and was always very nice to everyone.

Every morning as he was outside cleaning the store windows, people would pass and compliment him:

- Good morning Mr. Monkey!

- Good morning Mr. Smith! – He would answer…

Another client would pass and say:

- Hello Mr. Camel!

- Hello Mr. Johnson! – He would reply…

And still another one would pass and:

- Hi Mr. Dog, how are you doing today?

- Hi Mr. Philips, I’m fine and you?

(…)

Day in, day in until the night came and he had to close the shop, he would always retrieve his costumers with gentleness and respect.

Before going to bed, he would kiss his wife good-night by telling her how much he loved her and she would respond:

- Good-night my sweet dear Mr. Mirror!

Sometimes when you think that what you are seeing is the other person; all you are actually seeing is yourself… in a mirror…"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Happy Thought

Uma porta aberta - É assim que eu vejo os livros.


Um AURYN para "Fantasia", que flui da nossa imaginação e nos leva nas costas de Falcor. Uma entrada semicerrada para os mistérios que detectives tentam resolver com a nossa cumplicidade. Ou das cavernas escuras em que os bandidos mantêm as suas presas. A pequenina porta da lanterna de Sininho e o seu suplemento de poeira para Peter Pan - Qual é o teu pensamento feliz?

Um acesso para o mundo subaquático ainda para desvendar... O inconsciente... A luz... A escuridão das noites de King que ganham vida... Ter medo... Ter coragem...

Uma abertura nas dunas do Saara guiando-nos para a savana, mas sem evitar os leões, aprender então com eles a caçar e a viver na selva. E aqui, agarrando um dente-de-leão no seu talo, voar no Cosmos do Sagan e contactar outras formas de vida. A experiência de não ter corpo, apenas alma, conhecer aqueles que foram antes de nós. E saber tudo! Tudo o que há para nós alcançarmos como conhecimento!

Uma porta para o universo da própria Vida.

Uma porta para o EU.



Trabalhar com livros... Escrever livros... Aqui está o meu pensamento feliz!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quando voltas?

A resposta já não alcançou os seus ouvidos de tão longe que foi dada. – Não faz mal – pensou – também é excitante nunca saber quando uma surpresa nos bate à porta!... Nunca estamos preparados, mas o facto de não contarmos com algo, aufere-lhe uma certa magia.

Cria em nós a expectativa do que irá ser, quando irá ser, como irá ser... Faz-nos sentir como crianças à espera do Natal.

É curioso que, como as crianças não têm ainda noção do tempo e o Natal tanto pode acontecer no dia seguinte como passados meses, esta expectativa mantém-se. E mantém-se enquanto a inocência e a infância perduram. É muito triste quando começamos a usar um relógio. Significa que deixamos de controlar o tempo, pelo contrário, passou ele a controlar-nos a nós. Temos de chegar sempre a horas a tudo. Começamos a comer porque são horas para o fazer e não porque temos fome.

É crescer.

É controlar o tempo, é controlar-nos a nós. É forçar a consciência do que começa e do que acaba, é perceber que o tempo passa quando antes totalmente o vivíamos. Deixamos de viver a vida ao minuto, deixamos de viver o momento como as crianças e passamos a desejar controlar os minutos. Enquanto tentamos isto, os minutos passam e ficou a tentativa gorada, a frustração.

Nisto, apercebemo-nos que perdemos demasiado tempo com toda esta questão e entretanto ficamos velhos. De repente vemo-nos a querer agarrar o tempo para voltarmos a viver e já não temos força ou saúde. Desperdiçamos a nossa juventude e energia com problemas que mais tarde vimos não terem importância alguma.

Porque não nascemos com sabedoria? Perdemos muito, muito tempo. Afinal de contas viver é viver. Simplesmente! Rir, comer, cantar, dançar, saltar, dormir... Perdemos tanto tempo...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Meu Mar

Onde começas tu?
Sei que estás aí, para lá da areia, percorro o teu corpo, saboreio-te na alma e sentidos mas não te encontro o começo.
Pergunto-me se é necessário. Nós os humanos gostamos de organizar tudo. Queremos saber para controlar, talvez. E tu, alheio a tudo, vives a tua vida sem olhar para nós. E nós que vamos sempre ter contigo... Não nos queres!
Por vezes brincas connosco. Agarras quem desrespeita a tua soberania com a monstruosa mão indefinida duma onda. Queres mostrar-nos quem manda? Tu. Tu mandas! E mandas como uma criança que busca um brinquedo para o decifrar. Queres! Brincas com ele e satisfeito ou por o brinquedo estar já partido e morto, deita-lo fora, abandonado numa qualquer areia à tua escolha. Viras costas. Vais simplesmente, não sei onde e deixas-nos brincar, agora nós, nas tuas rochas. E esfregamo-las com nossos pés. Limpamo-las dos mexilhões que te irritam a pele. Um passo em falso e castigas-nos! Pareces manso, deixas as nossas crianças cavalgar no teu dorso, os adultos de ti se alimentarem – corpo e alma – mas tu serás sempre tu. Sem contemplações.
Engoles-nos nos sonhos e nas marés. Envias os teus servos a espiar-nos enquanto nadamos...
Nós sabemos – és senhor!
E ordenas!
Nós, teus humildes admiradores, baixamos a cabeça perante a tua presença ou pagamos. O teu preço... A Vida... És lord e senhor... Inclino-me perante ti.
Não se brinca com os Deuses!...
Mar meu...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mãe

Hoje afirmei algo que não gostei.
Não o repetirei, não! Uma vez foi demais.
E pergunto a ti, a mim, porque tenho de ser a mulher adulta quando continuo aninhada no teu ventre bebendo do leite materno que me davas? Ainda o busco e alimento-me da sua saudade.
Sigo sem lutar por ti, esperando que adivinhes a minha necessidade dos teus abraços e tu, mãe, segues adivinhando que não te preciso e fujo de ti.
Como podemos correr no mesmo sentido, passarmos uma pela outra e não nos vermos? Seremos tão iguais que nos confundimos uma à outra como num espelho? Só assim o explico.
Só assim explico a minha afirmação de hoje, mãe. Fito os teus olhos na minha memória. Vejo as lágrimas derramadas anos atrás por minha culpa. E perguntei-te, mãe, mesmo sabendo da sua razão, perguntei-te porque choravas. Queria tanto dizer-te, queria tanto explicar-te, mãe, que te procuro em todas as mulheres mais velhas que eu, e busco a sua atenção e carinho, mãe... Porque te amo a ti mãe! Preciso é mais de ti, mãe...
Preciso que me dês a tua voz, o teu carinho, o teu amor, a tua atenção... Preciso que me dês o teu silêncio, o teu afastamento, a tua crítica e o teu coração... O teu total. Não te dividas em mim, mãe. Sê em mim.
Alimenta-me!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nuvens

Sou perseguida por elas.


DEIXEM-ME!



Não sou o Sol que quereis tapar

Sou apenas alguém que quer brilhar...



Deixem-me Ser

Deixem-me seguir o destino que me quer!



Sou pequena para vos afrontar

Encho os pulmões de ar para vos derrotar...



Vá! Ide, ide!

Não tereis também aonde ir?

Deixem-me aqui,

A sós...



O brilho que produzo é suficiente para os meus sonhos.

Para quê tanto esforço em destruí-lo?

Inveja por não poderem sonhar?

Por apenas andarem a vaguear?



Peçam ao vento que vos abrigue

Que vos acaricie!



Mal amadas é o que sois!

Quereis amaldiçoar quem o Sol quer tomar!

Vá! Ide, ide!



Vá, ide que chamarei eu o vento e vos fará em nada.

Vá, que nada sois, apenas em chuva vos tornais!



Vá, vá, vá!

"Gaia, Géia ou Gê era a deusa da Terra, como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda. Segundo Hesíodo, ela é a segunda divindade primordial, nascendo após Caos.



Tal como Caos, Gaia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha, Urano, Pontos e as Montanhas. Hesíodo sugere que ela tenha gerado Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Isso porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Urano é então o abrigo dos deuses "bem-aventurados".



Com Urano, Gaia gerou os 12 Titãs, após, os Ciclopes e os Hecatônquiros (Gigantes de Cem Mãos). Sendo Urano capaz de prever o futuro, temeu o poder de filhos tão grandes e poderosos e os encerrou novamente no útero de Gaia. Ela, que gemia com dores atrozes sem poder parir, chamou seus filhos Titãs e pediu auxílio para libertar os irmãos e se vingar do pai. Somente Cronos aceitou. Gaia então tirou do peito o aço e fez a foice dentada. Colocou-a na mão de Cronos e os escondeu, para que, quando viesse Urano, durante a noite não percebesse sua presença. Ao descer, Urano, para se unir mais uma vez com a esposa, foi surpreendido por Cronos, que atacou-o e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. Cronos lançou os testículos de Urano ao mar, mas algumas gotas caíram sobre a terra, fecundando-a. Do sangue de Urano derramado sobre Gaia, nasceram os Gigantes, as Eríneas e as Melíades.



Após a queda de Urano, Cronos subiu ao trono do mundo e libertou os irmãos. Mas vendo o quanto eram poderosos, também os temia e os aprisionou mais uma vez. Gaia, revoltada com o ato de tirania e intolerância do filho, tramou uma nova vingança.



Quando Cronos se casou com Réia e passou a reger todo o universo, Urano lhe anunciou que um de seus filhos o destronaria. Ele então passou a devorar cada recém-nascido por conselhos do pai. Mas Gaia ajudou Réia a salvar o filho que viria a ser Zeus. Réia então, em vez de entregar seu filho para Cronos devorar entregou-lhe uma pedra, e escondeu seu filho em uma caverna.



Já adulto, Zeus declarou guerra ao pai e aos demais Titãs com a ajuda de Gaia. E durante cem anos nenhum dos lados chegava ao triunfo. Gaia então foi até Zeus e prometeu que ele venceria e se tornaria rei do universo se descesse ao Tártaro e libertasse os três Ciclopes e os três Hecatônquiros.



Ouvindo os conselhos de Gaia, Zeus venceu Cronos, com a ajuda dos filhos libertos da Terra e se tornou o novo soberano do Universo. Todavia, Zeus realizou um acordo com os Hecatônquiros para que estes vigiassem os Titãs no fundo do Tártaro. Gaia pela terceira vez se revoltou e lançou mão de todas as suas armas para destronar Zeus.



Num primeiro momento, ela pariu os incontáveis Andróginos, seres com quatro pernas e quatro braços que se ligavam por meio da coluna terminado em duas cabeças, além de possuir os órgãos genitais femininos e masculinos. Os Andróginos surgiam do chão em todos os quadrantes e escalavam o Olimpo com a intenção de destruir Zeus, mas, por conselhos de Têmis, ele e os demais deuses deveriam acertar os Andróginos na coluna, de modo a dividi-los exactamente ao meio. Assim feito, Zeus venceu.



Em uma outra oportunidade, Gaia produziu uma planta que ao ser comida poderia dar imortalidade aos Gigantes; todavia a planta necessitava de luz para crescer. Mas ao saber disto Zeus ordenou que Hélios, Selene, Éos e as Estrelas não subissem ao céu, e escondido nos véus de Nix, ele encontrou a planta e a destruiu. Mesmo assim Gaia incitou os Gigantes a colocarem as montanhas umas sobre as outras na intenção de subir o céu e invadir o Olimpo. Mas Zeus e os outros deuses venceram novamente.



Enfim, Gaia cedeu e acordou com Zeus que jamais voltaria a tramar contra seu governo. Dessa forma, ela foi recebida como uma deusa Olímpica."