Gaia (Adoa Coelho)

Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.

domingo, 26 de junho de 2011

Queres ter Paz ou ter Razão?


Havia um Mundo que estava separado em dois grandes países.
Eles chamavam-se “os de cima” e “os de baixo”, se bem que para cada um deles “os outros” é que estavam em baixo, por isso, seriam eles “os de cima”.
Houve um dia, por acaso, em que um habitante de um desses países saltou. E foi um salto que, por ser único, se sentiu do outro lado do planeta.
No país vizinho estavam a sair do trabalho e ao sentir aquilo assustaram-se muito. Reuniram-se no ponto onde sentiram a trepidação e uma das pessoas lembrou-se de também dar um salto como retaliação.
Entretanto, no primeiro país, a pessoa que saltara tinha ido à sua vida e nunca mais se lembrara do que fez, até porque não tinha muita importância. Bom, até teve. Estava feliz. Tinha nascido o primeiro filho e a alegria fora tanta que ousara manifestar a felicidade – coisa rara nesses mundos. Mas houve uma outra pessoa que sentiu o salto da pessoa neste país e achou aquela situação absurda. Como ousavam?

E saltou.

A pessoa que havia retaliado ficara à espera de resposta, não fossem os outros atrever-se.
Mas eles, os outros, não quiseram ficar atrás. Então, chamou um amigo que estava naquele grupo e pediu para saltar com ele.
O habitante do outro país, ao ver que ficara em desvantagem de número, chamou também os seus amigos e os amigos dos amigos, e os amigos dos amigos dos amigos.
Nem foi preciso os governos se intrometerem. Em pouco tempo ambas populações saltavam sem ninguém saber já porque o faziam. Mas saltavam.
O planeta lá aguentava. A poeira levantada era varrida pelo vento que a levava sem rumo pelo Universo. O planeta ficava mais e mais achatado. Fino.
Quando não faltava mais do que 40 cm de espessura de terra para finalmente as pessoas de ambos países se encontrarem, abriu-se um enorme buraco no meio. As pessoas que estavam aqui saltaram directamente sob os pés e também se perderam no Universo propulsadas.
Ambas partes acusavam a outra do conflito quando finalmente se puderam ver, sem nunca deixar de saltar.

O homem, cujo filho acabara de nascer e que amava muito, saltava enquanto maldizia... “os outros”. E o resto do planeta acabou por partir-se.

0 comentários: