Gaia (Adoa Coelho)

Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.

domingo, 8 de janeiro de 2012

É com gente assim que se faz Portugal!

Um texto para pensarmos do meu amigo e colega Samuel Pimenta. Para reflectir...

Manifesto de Portugal Emancipado 


"Saio hoje à rua gritando chamo-me Portugal!

Que se calem os que me calam a voz, pois hoje grito orgulhosamente o meu nome! Chamo-me Portugal!

Sou o barco intemporal da Europa e o rosto que desde a formação do mundo beija o oceano amorosamente e sem cansaço. Sou o porto feérico do sonho e da esperança, a ponte entre o velho e o novo mundo. Deixo que a audácia me defina e que a liberdade me permita abraçar o fado sublime que me pertence. Heroicamente, construo um magnífico império de homens emancipados, pois sou a promessa quimérica cumprida e a utopia do desejo alcançada. Por isso, hoje, calem-se todos os que me calam a voz, pois sou eu que falo, Portugal!

Calem-se! Calem-se esses senhores indignos de falar em meu nome e em nome do povo que é meu e só meu! Calem-se esses dantas iguais a todos os dantas que já passaram e que hão-de vir! Calem-se os sebastiões indesejados e os salazares desta nova senhora a que chamam de Democracia! Calem-se! Calem-se! Calem-se! Chegou o tempo de eu, Portugal emancipado, bradar enfurecidamente por todos os cantos desse meu rectângulo alienado, dessa Europa arruinada por fantoches, desse mundo que se esqueceu de mim. Chegou o tempo de eu gritar o meu nome bendito com o orgulho que me enche o peito! Portugal!

Que se calem os que não são o Portugal de D. Afonso Henriques e de Pessoa, de D. Dinis e de Souza-Cardoso, do Visionário Infante e de Camões, de D. João II e de Amália, de D. Manuel I e de Gil Vicente, de Sophia e de Garrett, de Eça e de Vasco da Gama, de Saramago e de António Vieira, de Bartolomeu Dias e de Cesário Verde, de Almada Negreiros e de Vasco Santana, de Vieira da Silva e de Bocage, de Álvares Cabral e de Cesariny, de Beatriz Costa e de Miguel Torga, de Eduardo Viana e de Salgueiro Maia! Calem-se! Que se calem todos os que me ofuscam levianamente o brilho e o mérito, fazendo crer ao meu povo que é a mediocridade que me anima. Não sou tacanho, não sou incapaz, não sou imbecil. Sou o país da vontade férrea e da glória que o meu povo almeja, a esperada vitória por cumprir. Por isso, calem-se todos os que ao meu povo mentem, roubam e pregam uma realidade distorcida!

Calem-se!

Calem-se!

Calem-se!

Sou o Portugal Emancipado, o Portugal que é do mundo e das gentes, o Portugal humano e imaterial, o raio de luz que rasga a névoa do oceano com a volúpia dos que querem ser sempre mais e melhor. Sou o Portugal Emancipado que não é das gentezinhazinhas usurpadoras e corruptas. Sou o teu Portugal, tu que me escutas a voz. Sou o Portugal da consciência desperta dos homens e das mulheres que acreditam em mim, que mudam o seu mundo para que eu renasça e me cumpra. E eu irei renascer! Eu cumprir-me-ei! Pois pertenço aos seres livres que me querem grandioso e autêntico, que me querem sempre igual ao que eu verdadeiramente sou e ao que, hoje, grito orgulhosamente, para que se calem, de uma vez só, todos os que me têm calado a voz!

Calem-se! Pois hoje falo eu!

Chamo-me Portugal!


Alcanhões, 5 de Janeiro de 2012


Samuel Pimenta"
Subscrevo. E tu?

Link original AQUI.

2 comentários:

Su disse...

Eu também ;D fantástico! Neste país há muita falta de patriotismo. Para quê encher janelas de bandeira sportuguesas quando a selecção ganha se pelo país não faríamos nada? Há que valorizá-lo. Eu gosto de ser portuguesa. Ponto.

Gaia Adoa Coelho disse...

Também gosto de ser portuguesa, Su. Embora não me ache propriamente patriótica. Não somos nem mais nem menos que outras pessoas de outros países. Temos algumas especificidades, creio, mas que se calhar se nota mais em nós por acharmos defeito.
De resto, quem viver noutros países emigrando ou viajar muito, apercebe-se disso.
Uma coisa que critico e aqui tenho de criticar mesmo, é o facto de nos deitarmos a baixo com demasiada facilidade. É aqui que um pouco de auto valorização nos faz falta.

Beijos!