Gaia (Adoa Coelho)

Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.

sábado, 5 de maio de 2012

As "Pequenas" Coisas da Vida...

 


A não é a preto e branco ou feita apenas de momentos "gloriosos". Os momentos mais saborosos são precisamente aqueles que, de ser tão "pequenos", nos marcam. É a intensidade e o valor simbólico que conta.

Quando era criança, vivia rodeada de pessoas idosas. Gostava especialmente da Esterinha. Ela pedia-me para lhe retirar os cabelos brancos. Dizia que me daria uns centavos por cada um. Nunca percebi qual o problema com os cabelos brancos, adoro os meus. Nunca cheguei a ver a colecção prometida que tinha ganho em tão nobre trabalho! Nunca me fixei nisso. Lembro-me de ir para casa dela. Bebíamos café fraco com torradas com manteiga. Molhávamos no café! Sabia bem! Nunca mais bebi café sem ficar doente e naquela altura bebia-o sem problemas. Ela contava-nos histórias que não me lembro, só de duas. Mas ficava muito concentrada em tudo o que ela dizia.

Lembro-me quando ela me repreendeu por tirar as lapas do nariz e metê-las na boca! E de contar, com ar muito sério, quando lhe mostrei uma abelha morta que encontrei  no nosso quintal, que não se devia matar as abelhas porque também elas eram criaturas de Deus! Lembro-me de ter ficado triste por ela ter pensado que tinha sido eu a matá-la.

Lembro-me de outras histórias. Lembro-me que ela sofria nas mãos de um homem que vivia com ela. Nunca percebi o porquê.

Lembro-me que ela tinha duas bonecas de porcelana que nos deixava pegar de vez em quando. Eram mágicas. As bonecas mais lindas que alguma vez tinha visto! Estavam-nos prometidas - a mim e à minha irmã. Tão-pouco alguma vez as reclamei. Nunca fui de reclamar nada.

Quando ela estava para morrer, fui chamada a visitá-la e não sabia o que dizer. Lembro-me de ter a cabeça cabisbaixa. Estava triste. Foi a primeira vez que vi a morte como uma separação sem solução e chorei. 

A minha Esterinha!

Quando era criança, brincava e ria como todas as crianças, acho. Mas sempre digo que nasci velha. Não sei se por ter crescido rodeada de pessoas idosas ou se por natureza da minha alma já de si bastante introspectiva. Mas foi assim que nasci.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sinceramente, tua.

Há muita gente com medo desta palavra. Mas não é da palavra oca que têm medo, têm medo daquela que realmente diz o que pensamos. Todos nós, ou muitos de nós, gostará de dizer que o é. Para muitos que o afirmam não será verdade embora o desejem. Ninguém conseguirá dizer 100% o que pensa. Gostamos de pensar que sim, mas a verdade é que precisamos muito de ser amados por quem nos rodeia. Precisamos que gostem de nós. Eu preciso!

De cada vez que sorrimos sem necessidade e esperamos que nos sorriam de volta, de cada vez que mostramos o que fizemos para receber um elogio... Sim, precisamos que gostem de nós. Crescemos assim. Aprendemos que é com um sorriso que somos aceites e dói muito quando não o somos.

Tudo o que aprendemos em crianças vamos repetir pela vida fora. É um padrão que repetimos sem consciência. Estamos na vida e só vemos os caminhos que nos ensinaram a ver. Não é culpa de ninguém! Foi assim que aprendemos, é assim que agimos.

Quando aprendemos a sair desse círculo vicioso o Mundo abre-se para nós com muitas mais possibilidades.
Se sairmos do campo da sinceridade e formos ver como reage uma pessoa agressiva, encontramos algo como o seguinte:

Uma pessoa agressiva aprendeu que é batendo que consegue defender-se ou obter os seus objectivos. O medo que a pessoa sente ao falhar nalgum destes pontos torna-se insuportável e só consegue lidar com ele desta forma. Quando a pessoa agressiva começa a perceber que o problema não está nos outros mas em si, todo um mundo se abre. Um Mundo de possibilidades. A partir daqui, esta pessoa será capaz de dialogar, cooperar, ajudar, ver quem a rodeia, etc. Deixará de ser cega e começará a retirar a areia de dor que se provocava até àquele momento. Sei-o porque passei por isto. Passo por isto, já que não existem milagres e os caminhos só se tornam mais fáceis se os caminharmos.

Quanto à "sinceridade", sei que consegue magoar. Dói tanto como um murro no estômago. Talvez mais. Por vezes pode parecer que nos vai matar, mas o engraçado é que nunca acontece! Como podem as palavras matar-nos? Há gestos que o podem fazer e evitámo-los. A "sinceridade" é simplesmente o que outra pessoa pensa sobre nós e nós dela. É a nossa verdade ou a verdade da outra pessoa. O que existe de mal ou mau nisso?



Pela minha experiência pode, pelo contrário, ajudar-nos a crescer. Podemos usar isso para ver outros caminhos que não conseguimos visualizar e são imensos. Vamos sempre aprender se nos dispusermos a isso. Só vejo vantagens! Ademais, mostra-nos quem é a outra pessoa, sem máscaras. Só vantagens!
A mentira, embora útil muitas vezes, suga-nos muita energia. E se usássemos essa energia para coisas bem melhores? Não é outra vantagem?

Uma pessoa que mente vai ter de trabalhar para manter essa e as outras mentiras. Porque vai precisar sempre de outras para manter a primeira. Vai ter de estar sempre a prestar atenção a tudo o que fez e disse. Nunca terá descanso. E vai, eventualmente, ser descoberta. É uma perda de tempo para além de energia.

Se eu cortar caminho simplifico a minha vida, a dos demais, ganho tempo, energia, felicidade. Pode acontecer que encontremos quem não goste ou até use o facto para nos magoar, mas não nos esqueçamos nunca do seguinte: O poder de nos magoar é sempre nosso. Cabe-nos dá-lo a alguém ou não. A escolha é sempre nossa. As consequências também.

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio

Que sentido faz festejar um dia para, nos outros, os restantes do ano, nos esquecermos daquilo que lutamos nesse dia?

Proponho que festejemos num dia sim, mas que durante o restante tempo do ano, passemos a reivindicar os nossos direitos.

Não fará mais sentido?