Quando os temas se repetem é
porque ainda não estão resolvidos em nós e podem aparecer-nos de muitas
maneiras. Geralmente temos amigos que nos ajudam a trazê-los à superfície. E
quando não são amigos (aquelas pessoas às quais damos esse nome carinhoso) são
os inimigos (aquelas pessoas que nos dão uns empurrões na vida para nos fazer
caminhar e nós pensamos mal delas...). Essas pessoas fazem-nos o favor de nos
ensinar lições muito importantes ou não se apresentariam à nossa frente.
É assim que tem sido a minha vida
e eu, como grande teimosa que sou, quero estar sempre a aprender as mesmas
lições como se já não as soubesse de cor. Sei-as mas funciono como se não as
soubesse, por isso as repetições. Sou mesmo muito teimosa!
A lição que ando a aprender desde
criança é "como me respeitar". É esta a lição que muitas das pessoas
que sofrem de Bullying precisam de aprender. Bullying, Mobbying, racismo,
homofobia, escolham.
Já a minha irmã tentava
ensinar-me esta lição quando éramos pequenas. Tive pessoas de todas as idades e
em todas as situações possíveis para me ajudar. Cheguei a ter um patrão que me
maltratou e eu deixei. Deixei porque achava que merecia o castigo. Tinha
pessoas de todo o tipo a maltratar-me. Eu inclusive. E não duvidem, as pessoas tratam-nos da mesma maneira que nós nos tratamos. Afinal, nós é que lhes dizemos como o fazer.
O primeiro passo começa
exactamente por nós. Como podemos começar por nos tratar bem? Talvez através da
nossa alimentação? Através da nossa higiene diária? Do nosso diálogo interior?
Higiene diária também pode passar pelo nosso diálogo interior. E o que é isso?
Quantas vezes por dia gastamos as
nossas energias a falar mal de nós próprios?
- Não faço nada de jeito.
- Não sou capaz.
- Não consigo.
- Não tenho dinheiro suficiente.
- Não mereço.
- ...
Quantas destas frases utilizas no
teu dia-a-dia?
Pois! É por aqui que devemos começar.
Se mudamos a nossa maneira de pensar, mudamos a nossa maneira de actuar. A nossa tendência é actuar de acordo com o que pensamos, seja real ou não.
De cada vez que pensares que não
és capaz de algo, responde a uma simples pergunta: Quantas vezes já foste capaz
de fazer o que te propunhas? Certamente muitas. Toma atenção à qualidade do que
fizeste. Houve alturas em que caíste e não tardaste a levantar-te. Observa uma
criança a aprender a caminhar, a aprender a ler, a aprender a somar. Não era
difícil quando estávamos a começar a aprender? Mas depois as tarefas
simplificaram-se. Foi a prática que tornou essas tarefas fáceis.
Assim é com a vida. Assim é com o
nosso discurso mental.
- Eu consigo.
- Eu sou capaz.
- Eu mereço.
- Faço coisas fantásticas.
- Eu tenho dinheiro suficiente
para o que preciso.
- ...
Curiosamente, também houve
pessoas que me ensinaram que sempre que eu me respeitava - e dependia também da
forma como o fazia - tinha sempre consequências adjacentes.
Lembro-me bem de quando a minha
colega Raquel, na escola primária, me deu um beliscão e eu, para lhe mostrar
que não tinha gostado, resolvi fazer-lhe o mesmo. Não quis ser queixinhas e
defendi-me. Ela foi a chorar contar à professora. Apanhei! Pagar com a mesma
moeda não é respeitar-nos e pode não ser o caminho de nos fazer respeitar. É
não fazer o que vai contra nós que significa respeitar-nos. Sim, achei que a
professora tinha sido injusta, mas a minha colega nunca mais me deu beliscões!
Quando vemos algo com o qual não
concordamos mas seguimos em frente, é isto, é aqui que podemos parar e dizer
"não!". Depois temos as consequências, obviamente. Já
"perdi" trabalhos por causa disso. Mas a questão é: O que perdi na realidade? Será que
perdi alguma coisa? Ou ganhei?
Na verdade, foi o facto de não
ter ligado aos indícios do que via à minha volta, porque há sempre indícios,
que me meti nas situações. Dali só poderiam sair os resultados que saíram. Qual
a novidade? Não fui sempre eu a escolher? Não o fazemos todos?
Não quer dizer que a vida seja
mais fácil ao seguirmos o caminho da nossa integridade, é geralmente mais
difícil. Apenas significa que o seguimos de cabeça erguida. Há poucas coisas
nas quais devemos fincar pé, os nossos direitos podem ser uma delas. O respeito
por nós próprios é outra e certamente a mais importante.
A vida dá-nos os desafios para os
quais estamos preparados. Nunca duvidem! Deus só dá nozes a quem tem dentes.