- Bom dia, senhor Acácia!
- Muito bom dia, senhora Acácia!
- Pronta para mais um dia de trabalho?
- Sempre! Vamos render agora o turno. O Sol já quer nascer...
- É. Férias é só para quem pode.
Os senhores e as senhoras Acácia estavam sempre muito ocupados com os seus afazeres. Trabalhar com a terra era tarefa árdua, ainda mais quando esta pouco colaborava com nutrientes ou os céus faltavam com a chuva. Faziam o melhor que podiam, a cada dia que nascia. Afinal, tinham herdado de seus pais, não só o ofício, como a capacidade e amor àquela arte.
- Insectos de porte maior, devem ser deixados cair dos aeroportos e a sua estadia proibida. Outros animais devem ser expulsos caso não tenham contrato firmado com alguma das fábricas da cidade e se se recusarem a ir, mão-de-obra especializada na defesa – apenas trabalhadores temporários com autorização de residência – devem ser chamados a actuar.
As formigas e outros insectos, bastante profissionais por sinal, recebiam à comissão e quando este método não funcionava o ataque químico revelara-se bastante eficaz; que o dissessem as girafas que ignoraram os avisos dos espinhos... A enérgica acção de defesa das Acácias que se seguira fora radical. O serviço de mensageiros, entre entidades arborícolas, actuara na perfeição e dera aos generais a maior vitória das suas vidas. Não estivessem agora a desempenhar outras funções, ainda hoje estariam a festejar essa glória – a queda dura do inimigo.
Ainda que com tanto trabalho, a vida conseguia ser bastante agradável. Não era nada como a daquelas árvores nas cidades em que os ramos serviam para vandalizar, eixo de baloiços e marco de namorados. O cúmulo dos cúmulos acontecia quando as folhas caídas lhes eram retiradas dos solos, em vez de retornarem pela decomposição, à árvore-mãe... As notícias que por vezes ouviam, contadas pelos ventos, eram tenebrosas... Segundo o que se contava, árvores havia que, por dizerem não servirem para nada, eram sacrificadas sem qualquer sinal de apreço por serviços prestados. Por isto mesmo, todas as árvores vizinhas e não só, tentavam o mais que podiam, fazer horas extraordinárias. Era uma vida de sacrifício. As únicas alturas em que se permitiam um pouco de prazer, era durante os festivais de Primavera e Outono. Nessas alturas era vê-las, todas aperaltadas, vaidosas. Cada qual a mais bonita. Gabavam-se de ter fotógrafos e artistas a admirá-las e faziam-se ainda mais bonitas, como se possível fosse.
Mas tão-pouco se perdiam nesses apreços passageiros perante o muito tinham que fazer. As reparações constantes tanto da cidade interior como exterior e as mudanças de escritório pois estes ficavam disfuncionais se não actualizados, preenchia o tempo disponível que poderiam ter para desfrutar até dos seus novos produtos que se esforçavam por criar. “Suco de clorofila” era a novidade do Verão e as campanhas publicitárias começavam agora a arrancar.
“Quer sentir-se fresco e bem este Verão?
Beba “Suco de Clorofila”. A sua regeneração!”
1 comentários:
Excelente parábola! E essas cidades funcionam bem melhor que as nossas, com uma eficiência e civismo de invejar.
Parabéns e beijinhos :)
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