Este é um texto bastante elucidativo do papel que os contos de fadas podem ter nos dias de hoje.
Se o papel das fadas e bruxas ainda existe metaforicamente, poderemos atribuir-lhes o poder de aproximar os valores destes seres aos valores defendidos pelas sociedades ocidentais actuais.
Quando Bruno Bettelhein em "A Psicanálise dos Contos de Fadas" defende que as crianças deveriam crescer ouvindo contos de fadas tradicionais, repletos de instrumentos de socialização (ou serão socialmente instrumentalizáveis?) creio que esses contos podem servir também para a eternização de vários estigmas sociais e das receitas de muitos psiquiatras.
As princesas têm de ser salvas por um príncipe e a partir daí serão felizes para sempre. - Será que uma mulher precisa de ser salva? Do quê? As mulheres serão incapazes de se defenderem? É o casamento a sua salvação? ... “Felizes para sempre”? Onde é que alguma vez existiu isso? Aqui estão algumas fórmulas para a insatisfação, tristeza e frustração de muitas mulheres que ainda acreditam em contos de fadas.
De novo, na história do “Capuchinho Vermelho”, a criança/menina/adolescente, tem de ser salva do “lobo mau”/homem/sexo. De novo o elemento do sexo feminino precisa de ajuda – e não há mal nenhum em precisar de ajuda e saber como a pedir – a questão em foco é: mais papéis sociais. O homem tem aqui vários papéis que poderá desenrolar – o “lobo mau”/o homem que extravia a inocente do seu caminho de pureza..., o caçador/príncipe/herói. De resto, papéis bastante limitativos.
Esta entrevista, do psicólogo Zenon Lotufo Jr., pode dar-nos um outro ponto de vista.
E quando uma pessoa não quer jogar nenhum destes papéis? E se as pessoas estão para além do que lhes atribuem na sociedade?
Quando uma mulher está bem não se casando, quando uma criança sabe defender-se sozinha, quando um homem se dá o direito de ser sensível e não andar em actividades predadoras... quando as pessoas insistirem em apenas SER.
No fundo todos nós contamos as nossas histórias, mas com imensas limitações, as limitações de que a história do “outro” é melhor que a minha ou, que a história, para ser melhor e mais bonita que a d@ visinh@, deve ser assim... comparamos o incomparável. E andamos a contar as mesmas histórias de uns e outros há séculos.
Inventem-se novas histórias, invente-se um novo mundo. Melhor que isso. Não se invente história alguma. Mas porquê ter uma história? Libertemo-nos. Que as pessoas sejam livres de SER e, se quiserem, elas próprias contar as suas histórias ou nenhuma. Bem-vind@s à co-criação do Mundo!
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