Gaia (Adoa Coelho)

Gaia é a personificação do antigo poder matriarcal das antigas culturas Indo-Européias. É a Grande Mãe que dá e tira, que nutre e depois devora os próprios filhos após sua morte. É a força elementar que dá sustento e possibilita a ordem do mundo. Nos mitos gregos, os conflitos entre Gaia e as divindades masculinas representam a ascensão do poder patriarcal e da sociedade grega sobre os povos pré-existentes.


A arte copia a vida excepto, quando a vida segue os passos experimentados no campo da arte.
Digo experimentados porque grande parte das vezes são mesmo ideias que um ou uma autora tem e é através da arte que verifica a execução da ideia. 

Por exemplo, quando me lembro do filme com o Jim Carrey - “Truman Show”. O filme é um Big Brother focado numa só pessoa, como o que se faz com as pessoas mais ou menos famosas nos programas cor-de-rosa. A ideia veio de trás, de um livro, o “Mil Novecentos e Oitenta e Quatro” de  George Orwell que descreve essa sociedade. Publicado pouco depois da segunda guerra mundial, acredito que a musa tenha sido a vida. Os dois opostos eram vividos na Europa de então, o comunismo e o nazismo, ambos com resultados desastrosos e com técnicas que nem sendo retratadas na ficção convencem de que sociedades sob vigilância não são propriamente saudáveis. Mas eis que as voltas voltam a rodar... Décadas mais tarde começa um programa que se tornará um sucesso a nível mundial – “O Big Brother”! Não é surpresa, pois não?

Depois fizeram variações com famosos em quintas e sei lá mais onde. Variações sem variedade. Excepto... que nas cidades, e por questões de segurança, porque isto é tudo a pensar no bem geral... As câmaras de vigilância estão por aí. Mas nós gostamos e até já estamos habituados.

Poderemos pensar que é mesmo tudo para o nosso bem como quase nos faz pensar assim Isaak Asimov no “Eu, robot” (não, pouco tem a ver com o filme que fizeram...), em que as máquinas acabam por tomar destas crianças malcriadas que somos os humanos. Ou o “Minority Report” do Philip K. Dick, onde finalmente o crime é combatido até antes de cometido.

Para onde nos levará a vida, não sabemos. São tempos conturbados estes que agora vivemos. Não sei se a Humanidade deveria mudar os programas escolares e mudar “história” para “Ficção”, científica ou nem por isso. Como a história está sempre a repetir-se, não valerá a pena estudá-la, mais vale preparar-nos para o que virá.

Na faculdade, quando estudei estética, o professor falou num personagem, um artista frustrado. E como falhou nas artes, tentou fazer o Mundo segundo o sonho que tinha. Imaginou um Mundo com pessoas perfeitas, todas loiras e com olhos azuis. Usou a ciência como instrumento. Hitler usou também os meios artísticos disponíveis na época para servir a propaganda política. Leni Riefenstahl fez as obras de artes “O Triunfo da Vontade” (1934) e “Olympia” (1936) ao seu serviço. Podemos, portanto, ter uma ideia bastante claro de como o Mundo de hoje seria se os planos desse homem tivessem vingado. Seria uma espécie de “Admirável Mundo Novo”. Não sei se com o mesmo nível de evolução científica como na obra do Aldous Huxley, creio que com bastantes semelhanças.

Talvez o caso mais fácil de perceber seja o de L. Ron Hubbard, por ser mais directo, por que passou de escritor de ficção científica a criador da Cientologia. No fundo, quando se escreve, pinta, faz um filme, etc, é para contar uma história e ninguém conta história se não pensa que está a mudar algo no seu receptor – um ponto de vista social, político, psicológico,... Humano.
Teorias serão apenas teorias. 

O Mundo é tão fascinante que por vezes nem se compreende bem o que influencia o quê. Agora e para nos enquadrarmos na conjunção portuguesa, a que no fundo nos diz respeito, temos as agências de Rating. Uma espécie de Big Brother a nível mundial, se quisermos usar uma pitada de humor. Já se fala em privatizar a RTP, a TAP, a água... Pouco faltará para as medidas chegarem ao ar como neste sketch da Maria Ruef! Ou estarei enganada?

Resta-nos abrir os olhos. Os fãs de crimes terão outra leitura deste Mundo. Os fãs do portal das finanças têm outra certamente.
Unicamente posso afirmar que a realidade será sempre o que é, independentemente de gostarmos dela ou não, Adoa a quem doer...