Vou falar como empreendedora
nesta empresa que é a minha vida. E vou falar de um momento em que os dados
giraram de uma maneira que nunca haviam girado antes. Será que a diferença está
nos dados? Não! Eu é que mudei e por isso os dados mostram resultados diferentes.
Ok, vou ser mais clara e
explicar.
Até agora, tenho quarenta anos,
fui o que se pode chamar de "Vítima Profissional".
O que é isto?
Em qualquer situação da minha
vida, em vez de olhar os problemas com coragem e mexer o meu traseiro para os
resolver, baixava a cabeça e culpava-me de ser burra, incapaz, não merecedora,
etc. Era sempre tudo minha culpa e o Universo conjugava-se para me castigar e
repreender. Tudo estava errado e o maior erro de todos era EU. Vivia numa
injustiça constante.
Que aconteceu entretanto e por
que escrevo este texto?
Quando percebi que não era o
Mundo que estava a fazer de mim vítima, mas EU quem se sentia vítima, isto deu
uma outra perspectiva a tudo o que havia acontecido na minha vida. Todas as
situações em que me havia sentido rebaixada, tinha a minha mão. Era EU quem se
tinha sentido magoada independentemente de quererem ter-me magoado ou não.
Quando os pais decidiram colocar
um monte de esterco no quarto dos filhos gémeos para o aniversário deles,
aconteceu o seguinte:
O primeiro foi ao quarto, viu
aquilo e ficou muito irritado e triste. Pensou imediatamente que os pais não o
amavam. Por que outra razão fariam aquilo?
O segundo, ao entrar no quarto,
ficou tão feliz que não parava de saltar. - Com tanta merda, só posso ter um
cavalo como presente!!! - Gritou e foi à procura do cavalo lá fora.
É como a história do copo meio
cheio ou meio vazio... O copo tem água a meio! Não está nem cheio nem vazio!!!
Somos nós quem adjectiva o neutro. E a realidade é neutra. É o nosso ego que a classifica
conforme as nossas vivências.
Se ferido, o ego vai classificar
todas as experiências de "más". As experiências são o que são, nada
mais. Quanto mais magoado estiver o nosso Ego, pior vamos viver essas
experiências. Vamos chegar ao quarto, ver o esterco e ficar derrotados; vamos
sempre encontrar o copo meio vazio.
Estou desempregada há quatro anos
- É a realidade. Não tenho rendimentos de qualquer ordem - é a realidade.
Mas tenho tudo o que preciso. O
Universo colocou-me na posição em que eu precisava estar para aprender,
crescer, evoluir e assim escrever os meus livros. A realidade é tão generosa
que me coloca à frente as pessoas necessárias para que tudo isso aconteça da
maneira que tem de acontecer para eu ter a experiência da vida que mais me
convém. O Universo sabe - já me conhece!! - que eu preciso de remoer tudo, de
reflectir em tudo para avançar um pouquinho. Mas esse pouquinho pode ser um
passo de gigante. Lá está, é o Ego a classificar o inclassificável!
A verdade é esta - é o facto de
estar desempregada que me permite dedicar todo este tempo a melhorar-me e
escrever.
Podia ter continuado a
rebaixar-me e a dar o meu poder - aquele em que eu tomo a minha vida nas minhas
mãos - e o dou a quem nem sequer conheço. É o que fazemos quando culpamos toda
a gente menos a nós próprios do que nos acontece. Em vez disso, resolvi
agradecer tudo o que a vida estava a oferecer-me. Durante este tempo, as
histórias apareciam com muito mais frequência que o costume. Escrevi-as,
deixei-me embalar por elas. Aprendi da situação e faço o melhor dela. Quando
percebemos que somos co-autores de tudo o que nos acontece, é fantástico
perceber a recuperação da nossa vida.
Quando Passos Coelho afirma que
"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo." e todos se
sentem ofendidos... Só se sente ofendido quem quer. Pessoalmente, estar
desempregada foi o melhor que me aconteceu. De que outra maneira poderia ter
tanto tempo para escrever os meus livros e viajar para fazer apresentações? De
que outra maneira poderia ter a experiência de acreditar que o Universo me
fornece tudo o que preciso? De que outra maneira poderia ver tanta generosidade
e criatividade à minha volta? As pessoas mais criativas são precisamente as
desempregadas!
Quando vi este vídeo do
TEDxCascais com o Edson Athayde há uns tempos, achei fantástico como esta
pessoa acredita em si, na providência do Universo, tem tanto Amor para dar e,
como tal, receber... O Edson Athayde despede-se de todos os empregos e parte para
outros terrenos. Está sempre a desbravar novas ideias. Não pára.
Isto é acreditar em si e é viver
como o Universo - a cada momento de braços abertos para a vida! Ele sabe que o
Universo é impermanente, está sempre a mudar e antes de ser apanhado pelas
mudanças, muda!
É preciso muita coragem para
viver assim, é preciso estar muito na fonte, muito em Deus! Ou se calhar não!
Se calhar será precisa muita mais coragem para viver na dor... Que dizes?
É isto que estou a aprender a
fazer – abraçar cada momento da vida com tudo o que tem. Abandono a Adoa
Coitadinha Profissional e abraço a Adoa Criativa e Cheia de LUZ. Aquela que
ilumina o caminho de quem a rodeia e inspira. Ela sempre esteve aqui embora
muitas vezes não lhe prestasse atenção. Tanto tempo "perdido"? Não! Tantas
lições aprendidas! O Tempo "gasto" foi o necessário para mim.
A vida não é uma recta, mas está cheia de curvas e caminhos para explorar e tornar-se o mais rica possível. São os caminhos mais inesperados que nos levam a nós. Transformemos o medo na energia que nos ajuda a avançar com um pé, depois com outro e outro. É assim que fazemos o nosso caminho.
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