Era uma vez um país chamado Lutópia.
As pessoas deste país viviam sossegadas porque, embora se metessem na vida dos vizinhos,
geralmente este meter o nariz também significava saber se estava tudo bem e,
quando não estava ajudavam-se uns aos outros.
Em Lutópia os campos eram verdes
e gabavam-se de ter sempre comida saudável nas mesas. Aborreciam-se com pouco,
mas quando se aborreciam…
Havia, neste país, uma padeira a
quem todos gabavam o pão. Felicitavam-na por ser tão trabalhadora. Levantava-se
cedo, apanhava os transportes públicos e lá fazia a sua vida. Não tinha muito,
mas sentia-se digna e honrada do seu trabalho.
Mas o governo, porque nem tudo
era perfeito neste país de fadas, começou a complicar a vida à padeira. Afinal
de contas ela era mais amada que o governo. Vendo-se ameaçado por alguém que
alimentava o povo, o governo mandou aumentar o preço do pão. Aumentou tanto que
quem trabalhava já não podia comer um único pão por mês. A morrer de fome, o
povo queixava-se. De nada serviu.
A padeira, habituada a resolver
tudo com proficuidade, pegou na pá antes que ela começasse a ganhar pó e saiu à
rua.
Os vizinhos, curiosos e cuscas,
seguiram-na. Quando a padeira chegou às portas do governo ainda teve de esperar
que este abrisse o expediente. Como ela tinha tempo, esperou. Enquanto isto, os
vizinhos de todo o país espreitavam a ver no que isto ia dar. E acumulavam-se
atrás da padeira.
Quando o governo, por fim,
chegou, encontrou o país à porta. Com receio, até porque o povo era mais em
número do que os regentes temporários, ouviram o convite da padeira depois de
os deixar entrar ao serviço - Ou saem pela janela ou usam a porta…
Nota da autora - Longe de ser dos
meus melhores contos, apenas vos digo: Contem o conto e acrescentem-lhe um
ponto…
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